sábado, 12 de outubro de 2024

O Peso Do Prazer


 Minha voz, embora seja o que me aprisiona, é também minha única chance de lutar.

Forçada a cantar e seduzir homens poderosos, ofereço meu corpo e meu canto, sem escolha, em um ciclo de depravação e luxúria, usada como uma escrava sexual para os que podem pagar pelo luxo de foder uma sereia.
Até ele aparecer na minha vida.
A verdade é que o amei no momento em que o vi, com toda a inocência que me restava. Loiro, alto, com ombros largos e o peito fechado de tatuagens de cobras. Ele se parece com elas, talvez por isso as tenha marcado na pele: para se enxergar mesmo sem precisar olhar no espelho.
É silencioso, embora componha músicas com os nossos gritos.
Conveniente, mesmo que isso signifique brincar com tantas vidas e devorá-las quando sente fome.
Traiçoeiro, usando violência onde menos se espera, sempre pronto para dar o bote.
Letal.
Nós dois somos forças irresistíveis, dois monstros, predadores em um duelo insano de prazer e violência. Juntos, somos tão poderosos quanto uma lenda, destinados a nos devorar e nos destruir até que não nos reste mais salvação.
Eu já provei venenos muito piores, é verdade.
Mas nenhum foi tão cruel quanto Cartier Kühn.


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