sábado, 18 de maio de 2024

A morte de um solteirão

 


Gosto de pensar que sou um homem livre, um verdadeiro solteirão e nada nunca abalou essa minha convicção. Veja bem, aos trinta anos, bem-sucedido, com tempo livre para sair, curtir e transar, a palavra “relacionamento” pode ser tão fria quanto um iceberg ou tão ruim quanto a própria morte.

Sem contar que, sabemos, romance, amor e paixão, são verdadeiras baboseiras. Um casamento é muito lindo na hora do sim, mas, depois do sim? A palavra “divórcio” brilha tão forte quanto o sol no verão do Rio de Janeiro. Sem contar as traições, que, convenhamos, não existiriam se as pessoas não se escondessem atrás de um amor falso. É por isso que sou totalmente contra a qualquer tipo de relacionamento sério. Sexo é muito bom, mas fica melhor ainda quando se pode ir embora na manhã seguinte sem ressentimentos ou cobranças. Foi para isso que nasci — sim, nasci, pois se falar que fui criado para isso, mamma me corta a cabeça — e estava muito bem com a minha vidinha do jeito que era, até Alice Carvalho aparecer em meu caminho e me desestabilizar completamente. Nem se eu pudesse, conseguiria explicar o que senti quando a vi pela primeira vez e quando, inesperadamente, ela reapareceu em minha vida.
Por isso, soube que precisava tê-la em minha cama, mas ela disse “não”. E persistiu no “não”. Mas eu estava louco para ouvir um “sim” e, em meio ao desespero, fiz algo impensável: prometi a ela que, se aceitasse ficar comigo, poderíamos passar um tempo tendo sexo casual, sem nos envolvermos com outra pessoa. “Ficantes fixos”, nomeei.Não, não era um relacionamento.


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