segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

O diário de Miranda


Basicamente é a ideia do que é positivo e negativo, e que cada coisa no universo está em um

dos dois pólos, uma contrariando a outra, como a luz e a escuridão. Um positivo, o outro negativo.

E mesmo assim, por mais que eu acreditasse em um ponto de resolução, não havia como me

convencer de que o positivo sobreviveria sem o negativo.

E por que, em especial naquela noite, eu não conseguia desprezar aquela teoria? Porque

Patrício foi embora. Não era a primeira vez que ele ia. Nem o nosso primeiro final. A diferença

consistia no fato de que na primeira vez, não me encontrava convencida por completo sobre os

meus sentimentos, além de desconhecer os dele.

Doeu, mas não me derrubou. Sustentei a ideia de que o melhor a fazer seria tirá-lo da minha

vida. Éramos opostos. Opostos. Entende? Este é o ponto.

Então Patrício apareceu, declarou o seu amor, mergulhou em meu mundo e a magia

aconteceu. Não é fácil levantar quando você estabelece a certeza de que o positivo e o negativo

estão tão ligados, que a separação torna a inexistência de ambos. Não existe luz se não existir a

escuridão. Não existe o belo sem o feio. Tudo perde o sentido. A luz transmutaria para algo


indefinido, algo que está ali, mas que você não enxerga, ou não entende, por não fazer qualquer

sentido à sua existência.



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